sexta-feira, 25 de março de 2011

2+2=5?


fefefe 

Quando eu olho para o cenário das lideranças eclesiásticas no Brasil, sinto-me como se estivesse num deserto.
De um lado, vejo a liderança pentecostal e neo-pentecostal cada vez mais distante do Evangelho de Cristo, pregando um “outro evangelho” da saúde e prosperidade, mergulhada em bizarrices doutrinárias e liturgicas, enamorada com o dinheiro e o poder, transformando a igreja em teatro de show da fé e mercado de bênçãos. Há muito que sinto-me divorciado deste contexto e, sinceramente, não vejo possibilidade de reconcilição com esta praxis de igreja.
Então procuro as “cabeças pensantes” da Igreja Brasileira e o que encontro é, de um lado, líderes (em número cada vez menor) comprometidos com uma visão ortodoxa da Bíblia, mas que ainda estão fechados em seu tradicionalismo eclesiástico, permanecendo tremendamente inflexíveis com relação a cultura, tentando preservar modelos e formas eclesiásticas datadas e que não correspondem ao contexto histórico e cultural no qual estamos vivendo. Aprecio o compromisso com a Bíblia como Palavra de Deus que este grupo preserva, mas sinto-me desconectado de seu formalismo e tradicionalismo eclesiástico.

Olho então para os que estão lutando por uma Igreja com relevância cultural e histórica, engajados com uma visão missionária que abarca o homem em sua totalidade e buscando o Reino e toda a sua justiça aqui e agora. Sinto-me atraído por este grupo. Há muito que minha vida tem sido gasta nesta busca também. Acredito na missão integral e tenho arriscado para ver a igreja onde sirvo comprometida com esta visão de Reino. Mas quando me aproximo para ouvir o que eles estão dizendo, o que ouço soa para mim como divagações de pessoas confusas com relação ao que creem (ou deixaram de crer) e que parecem não se importar se estão confundindo ainda mais os sedentos que, tendo desistido dos grupos acima, as buscam para ouvir algo novo. Percebo neste grupo uma tendência crítica cada vez maior para com uma visão ortodoxa da Bíblia. Parece-me que tais líderes estão abraçando o neo-liberalismo e perspectivas teológicas que são tão (quiçá mais) danosas que “o outro evangelho” dos neo-pentecostais. A Bíblia tornou-se para eles mais um livro com histórias capazes de inspirar boas ações, do que como autoridade nas questões de fé e prática de vida. Falam de Jesus, mas colocam em dúvida a historicidade das narrativas dos Evangelhos. Zombam de Paulo como se sua mensagem fosse divergente de Jesus e danosa para uma espiritualidade integral. Citam os profetas do VT como base para denunciar as injustiças sociais e defender os direitos dos oprimidos, mas questionam a realidade do pecado e da Queda. Buscam resgatar a Imago Dei contra qualquer forma de violação de direitos humanos, mas tratam aqueles que acreditam na historicidade do Gênesis como retrógrados fundamentalistas. Falam calorosamente sobre espiritualidade, mas suas palavras transmitem uma frieza polar. Pregam muito a Graça, mas quase sem Verdade.

Tozer recomendou: “Ouça o homem que ouve a Deus.” Tá difícil, viu…

Via: Sandro Baggio

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