Você tem um pecado? Eu tenho uma porção deles.
Talvez por isso temos buscado mais a fundo, temos flexionado mais os joelhos frouxos no chão. Em reverência, em espera, em devoção, em obediência, em medo, em decisão. Talvez por isso o mesmo refrão que antes era batido, tem caído carinhosamente dentro dos nossos espíritos como
consolo e esconderijo, e isso tudo de repente esteja fazendo todo sentido.
O pecado nos separa de Deus. Não foi o papa quem me contou. Não foi a minha mãe, não foi a religião, muito menos a igreja. O pecado me separa de Deus e quem me contou não foi a minha noção de bem ou mal, não foi minha consciência pesada, não foi minha moral melecada de iniqüidades. O pecado me separa de Deus e ninguém precisou me falar. A prova da separação aconteceu quando eu simplesmente parei de ouvir. Parei de ouvir Deus.
Mas se o pecado me separa de Deus, como é que de repente ele tem feito eu pensar tanto na minha vida espiritual? Como o pecado consegue fazer isso em nossos corações? Ligar o alarme interno que diz “olha, você não está bem, não está dando certo e você não percebeu?” e agir dentro de mim quase que como um termômetro? Como o pecado, que veio pra me roubar, consegue me conscientizar de que eu estou sendo assaltado agora mesmo? O pecado explica? O pecado avisa? Não e não!
E aí vai:
Ladrões não avisam que vão roubar, assassinos não tentam deixar pistas e os seus inimigos não se importam com a sua condição. É por isso que a sua leve consciência de que alguma coisa anda muito errada, é o próprio escape batendo na porta, educadamente, diferente do ladrão! É por isso que aquele “oh sh*t” que rola quando você se olha no espelho é um post-it de que você tem uma alma, ela precisa de redenção, você tem um espírito, ele precisa de vida, você tem um corpo, ele precisa de uma experiência nova.
Deus não acusa, não expõe. Deus avisa. Deus não joga na sua cara, ele só não te faz de trouxa. Pode parecer um joguinho difícil entre consciência e entrega, mas quando você entende que essa sensação pode se transformar em salvação e não em acusação, você finalmente experimenta o perdão.
O perdão de Deus é como aquela música que você sabia de cor, mas depois de um tempo esqueceu. É bom reencontrá-la no rádio, é realizador ver que você ainda sabe a letra, é ainda mais incrível quando, ao ouví-la mais uma vez, tudo parece perfeitamente lindo. Cada arranjo, cada frase, cada variação de tom. Que bom que essa música ainda existe, que bom que você se lembrou. Que bom que vez ou outra ela fica na sua cabeça e faz com que você não ouça tantas besteiras e outras mentiras que gritam na sua orelha, na tentativa de calar a sua voz.
Não tenha medo de desafinar. Tenha medo de não querer cantar.
Os dias são curtos demais para músicas ruins.
Os dias são curtos demais para músicas ruins.
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