Cristianismo com gostinho de lasanha

Por Neto Monteiro

Na minha jornada cristã, muita coisa vi e aprendi.                                            

Muitos de nós, erroneamente, achamos que vida cristã é ir domingo pra igreja, com uma boa roupa, um bom sapato, um bom perfume. Muitos de nós, até vamos um pouco mais além; achamos que, por desencargo de conciência, temos que ter algum cargo ou participar de algum grupo. Muitas vezes, nem para curar a dor na conciência, mas pra nos socializarmos com o grande grupo, ou nem tanto. Com um pequeno grupo mesmo. Afinal, o que importa é não ficar “boiando”.

Na nossa semana, a vida cristã se resume em ouvir o cd do Diante do Trono, fazer aquelas orações feijão com arroz quando acordamos e quando vamos dormir. Falar em oração, isso me lembra uma velha história, que costumo contar na roda de amigos: - Certo homem se converteu. E aquela chama de novo convertido era irradiante. Na hora de dormir, na primeira semana de crente, esse irmão se ajoelhava com a cara no pó e orava: Senhor, obrigado por minha comida, obrigado por minhas vestes, pela esposa que tenho, pelo meu emprego, obrigado, Senhor, por tudo que tens me dado. Vem abençoar a minha vida e a toda minha família. Em nome de Jesus, amém! Passou-se a primeira semana, e na segunda, o irmão não mais se ajoelhava, mas se sentava na beira da cama e repetia tudo de novo ... Senhor, obrigado por minha comida, obrigado por minhas vestes... Na terceira semana ele nem se sentava, mas fazia sua oração deitado na cama. Por fim, no fim do mês, ja cançado da sua longa rotina de oração, ele tem uma idéia de gênio: copiou sua velha oração numa folha de papel bem bonita, colocou um pouco de cola atrás da folha e a expôs com sua oração, ao lado da parede da sua cama. E no momento de orar, ele deitava e dizia: SENHOR É ESSA AÍ. AMÉM.

Muitas vezes isso acontece conosco. Achamos que vida cristã é vida de obrigações religiosas. Que Deus se importa com a forma que oramos (ajoelhado, sentado, deitado, canguru-perneta), que se não cumprirmos à risca os dogmas religiosos, a ira de Deus se acenderá sobre nós. Vem cá, você acha que Deus realmente se importa com isso? Quando aceitamos andar com Cristos, aceitamos que ele seja nosso amigo e não um chato religioso que fica no nosso pé: faça isso, faça aquilo. Quando caminhamos com Cristo, nossa vida cristã deixa de ser dominical e passar a ser contínua, intensa e sem peso. Quando experimentamos a graça de sermos amigos de Deus, nós queremos que as pessoas também conheçam o que sentimos. E andar com Cristo, deixa nossa mente aberta para um diálogo constante e variável, e não só pedir, pedir, agracer e amém. Deus quer bem mais que isso de nós.

Ele nos ofere uma bela lasanha. Por que nos contentarmos com feijão e arroz?